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A direção do Sindjus iniciou na última semana uma série de visitas às unidades de centralização de demandas processuais já em funcionamento conforme o novo regime de trabalho no Judiciário  – Multicom. O objetivo das visitas é dialogar com as servidoras e servidores sobre as especificidades da nova modalidade de trabalho, coletar as impressões e entender as principais necessidades e dificuldades.

A primeira unidade, localizada em Porto Alegre e visitada na última quinta-feira (24), abrange todos os juizados especiais. Na oportunidade, os diretores Emanuel Dall’Bello e Fabiano Zalazar realizaram a reunião em formato híbrido, a fim de contemplar também os trabalhadores e trabalhadoras que estavam em teletrabalho. Cerca de 40 participantes acompanharam no formato virtual e dez trabalhadores estiveram presencialmente na reunião. 

Apenas em Porto Alegre, são oito unidades. A direção do Sindjus deve realizar visitas em todas as Multicons do estado para dialogar com a categoria que já atua nesta nova dinâmica. A importância de conhecer e compreender a realidade de cada Multicom fica evidenciada nos relatos das trabalhadoras e trabalhadores. Uma reivindicação desse setor específico (JEC), por exemplo, é que eles não têm mais a possibilidade de trabalhar nas sessões noturnas, o que acarreta em prejuízo para muitos (pois havia pagamento de valor adicional).

O regime de plantão para muitos servidores que estão na Multicom ainda é um problema; há, portanto, a necessidade de adequar o sistema de plantão a essa nova realidade, a fim de evitar sobrecargas e desgaste. O sistema de metas também tem causado problemas; parâmetros que não são bem explicados, as metas que são excessivas para muitos, a instabilidade das ferramentas e a falta de treinamento adequado em tempo hábil dificultam o cumprimento das exigências.

Foram apontadas diversas questões que demandam atenção neste processo que o Sindjus tem tratado como uma “reforma administrativa” do Judiciário. Um elemento abordado na reunião foi a transição da sistemática de jornada, à qual os trabalhadores já estavam habituados, que deu lugar ao sistema de metas, que ainda não foi plenamente assimilado por todos. “Apesar de ser importante ter um parâmetro quantitativo, a redução da jornada foi uma construção histórica da nossa categoria e esta referência está se perdendo dentro dessa sistemática de meta. Por isso, vamos trabalhar para que a jornada seja um limitador; a meta tem que caber na jornada, que deve ser de 6 horas”, defendeu o diretor jurídico do Sindjus, Emanuel Dall’Bello.

Há alguns aspectos positivos que são ressaltados por parte dos trabalhadores no que diz respeito à flexibilização e possibilidade de revezamento no sistema de teletrabalho, o que pode ser acordado com as chefias. Neste ponto, o papel dos encarregados da gestão de pessoas é decisivo, a fim de compreender as necessidades específicas de cada um, suas qualidades e dificuldades, para fazer uma gestão humanizada nessa transição de paradigma.

Fica evidente, ainda, a necessidade de reforçar mecanismos de proteção à saúde física e mental das trabalhadoras e trabalhadores, especialmente em teletrabalho, a fim de solucionar problemas relacionados à sobrecarga, ergonomia, fornecimento de equipamentos adequados. Foi relatada também a recorrente instabilidade do sistema eproc, o que prejudica os trabalhadores que precisam muitas vezes trabalhar por mais horas e gera dificuldades que poderão refletir inclusive nas avaliações de desempenho, em decorrência da avaliação quantitativa da produtividade com critérios controversos. Houve questionamentos também sobre a limitação de 30% do total de servidores em teletrabalho, tema sobre o qual já existe pedido tramitando no CNJ (para elevar o total para 50%). 

“Nota-se que a expansão da Multicom se deu de maneira abrupta, desorganizada e sem diálogo, o que preocupa os servidores que já são cobrados como se tudo estivesse em pleno funcionamento”, apontou o secretário-geral do Sindjus, Fabiano Zalazar. Neste sentido, intensificar a presença na base por meio dessas visitas tem “papel fundamental para construir as ações do sindicato sobre o tema, que exige cada vez mais atenção na nossa luta”, salientou o dirigente.