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O Coletivo de Mulheres Não Me Calo do Sindjus/RS, formado por servidoras do Judiciário estadual, manifesta solidariedade às mulheres que denunciaram o advogado e professor universitário Conrado Paulino da Rosa por violência sexual. Estar ao lado das sobreviventes é nosso compromisso inegociável: suas vozes precisam ser ouvidas, suas dores respeitadas e a justiça feita.

Repudiamos de forma veemente qualquer forma de violência, que não pode ser relativizada nem tratada como episódios isolados. São expressões da violência estrutural que ameaça diariamente a vida e a liberdade de todas as mulheres.

Causa ainda mais revolta que tais denúncias envolvam alguém que se apresenta como especialista em Direito de Família, justamente uma área que deveria proteger vínculos e direitos, e que, ao contrário, foi denunciado por violentar, intimidar e silenciar mulheres.

A indignação é ainda maior porque Conrado Paulino da Rosa foi repetidamente legitimado pelo Tribunal de Justiça do RS (TJRS), com convites para ministrar cursos e formações no Centro de Estudos do Judiciário (CJUD), inclusive em temas ligados à proteção das mulheres e da infância.

O caso mais recente foi sua participação em um curso sobre alienação parental. Essa pauta, que faz parte da luta feminista por garantir a proteção integral das crianças e a segurança das mulheres, não pode ser distorcida para favorecer interesses de agressores. No entanto, Paulino defendeu abertamente que homens denunciados por violência mantenham guarda e convivência compartilhada, um retrocesso que coloca em risco a vida de mães, crianças e adolescentes.

Infelizmente, este não é um episódio isolado. É a segunda vez (até onde temos conhecimento) que homens denunciados por violência ocupam o espaço de palestrantes em atividades de formação sobre gênero promovidas pelo CJUD. Diante disso, solicitamos ao TJRS uma revisão urgente e rigorosa dos critérios de escolha de seus formadores, garantindo que essas formações não sejam palco para legitimar vozes que violentam os direitos das mulheres.

Como servidoras que atuam diariamente no Judiciário gaúcho, reafirmamos nosso compromisso de seguir denunciando, resistindo e cobrando mudanças concretas. Estaremos vigilantes e incansáveis na luta por justiça por todas as mulheres que seguem sofrendo violência neste país.

Não nos calaremos. Seguiremos na luta até que todas as mulheres possam viver sem violência e sem medo.

Coletivo de Mulheres Não Me Calo – Sindjus/RS