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“Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo”, disse o filósofo  iluminista Denis Diderot no século XVIII. Infelizmente, sua sentença  segue atual; o embate entre razão e barbárie prossegue nos dias de hoje, indicando que não evoluímos o suficiente como sociedade para superar problemas arcaicos. 

A invasão dos prédios públicos de Brasília por uma turba golpista no dia 8 de janeiro, com depredação do patrimônio público e conivência de servidores da segurança do Distrito Federal, expôs aos olhos do mundo o efeito devastador dos quatro anos de desgoverno Bolsonaro sobre o Estado Democrático de Direito. 

Os pretensos patriotas, ao promoverem o caos na Capital Federal, explicitam seu desprezo pela democracia e pela civilização, ao performarem um arremedo da invasão do Capitólio, promovida em 2021 por estadunidenses eleitores de Trump, que também não aceitaram a derrota nas urnas. No caso do Brasil, o ataque deixa um saldo de destruição incalculável do patrimônio histórico e cultural brasileiro.

O que vivemos hoje no país deixa evidente que a jovem democracia brasileira, frágil e doente, não está a salvo do terror movido pela cegueira do fanatismo político. E evidencia também que a tarefa de quem a defende não se esgotou com a derrota de Bolsonaro na eleição, pelo contrário. 

Todo o campo democrático precisa estar unido, atento e forte neste momento. As instituições que sustentam o Estado Democrático de Direito precisam funcionar a fim de conter o terrorismo. Para isso, é necessário a responsabilização e punição dos invasores, dos financiadores e também daqueles que se omitiram nesse processo.

No entanto, o tempo também é de esperança. A rápida resposta do povo brasileiro nos atos realizados em diversas capitais no dia seguinte,  reunindo centenas de milhares de pessoas em defesa da democracia e da legalidade, mostrou a força da resistência popular. 

Somado a isso, a cena ocorrida na mesma noite em Brasília, quando o presidente Lula, os ministros do Supremo Tribunal Federal, os 27 governadores e diversas autoridades desceram – de braços dados, a rampa do Palácio do Planalto em direção ao devastado prédio do STF é o símbolo deste momento: a democracia é a principal valor a ser defendido por todos.

Nosso papel como servidores públicos é atuar e lutar em defesa da democracia e da Constituição Cidadã. Exigiremos que a Justiça seja aplicada com rigor para punir os criminosos que atentaram contra o  Estado brasileiro. No enfrentamento ao terrorismo e a barbárie, temos a grandeza e a dignidade dos milhões de brasileiros que deram seu voto e seguem mobilizados. Estamos do lado da razão e da civilidade. Seguiremos na luta e nas ruas: temos um Brasil para reconstruir!