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O movimento negro voltou a se reunir na noite de terça-feira (6/6) para debater a articulação e construção do calendário negro unificado. A atividade foi realizada na Assembleia Legislativa e, além das entidades do movimento sindical, popular e social, contou com a participação do deputado Matheus Gomes (PSol) e de representantes dos mandatos das deputadas Bruna Rodrigues (PCdoB) e Laura Sito (PT).

Na coordenação dos trabalhos, o representante do Coletivo pela Igualdade Racial do Sindjus (CIRS) Luiz Mendes e a presidenta da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro-RS), Elis Regina de Vargas, informaram que a reunião tem como objetivo avançar no compromisso assumido em 2022 de construção de uma agenda antirracista permanente.

“Queremos mostrar para o Parlamento que ocuparemos o nosso espaço, e para  sociedade a nossa força e unidade para garantir direitos ao povo negro”, apontou Luiz Mendes. Neste sentido, Elis Regina reforçou a proposta de construir agendas unificadas em todos os meses do ano e não apenas em novembro, ou apenas para a construção da marcha. “Nossa ancestralidade é coletiva e não sabemos trabalhar sozinhos”.

 

Debate sobre o hino do RS

Presente na reunião, o deputado Matheus Gomes apresentou como proposta de agenda do mês de junho a construção de uma grande audiência pública para debater a imutabilidade dos símbolos do Rio Grande do Sul,  que está sendo proposta pelo bolsonarista Rodrigo Lorenazi (PL). A proposta do deputado de extrema direita surge a partir dos debates sobre o trecho racista do hino riograndense na estrofe em que diz: “povo que não tem virtude acaba por ser escravo”. Uma reunião de organização será realizada no dia 19 de junho.

“Precisamos apontar o caráter autoritário da proposta, pois querem impedir que a sociedade faça o debate sobre o hino. Não acho que temos maturidade no momento para esse debate, mas não tenho dúvida que milhares de pessoas que não tinham refletido, estão pensando sobre o tema”, ressaltou Matheus Gomes, apontando que o tema é simbólico para o movimento negro. 

 

Encaminhamentos

A reunião contou com a presença de dezenas de pessoas, com representatividade de diversos movimentos sociais, populares e sindicais. Também foi incluída a realização de uma atividade em 25 de julho, para marcar o Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha. Ao longo da reunião foram encaminhadas propostas como a sistematização das agendas, criação dos GTs, o fortalecimento do Codene e formas de financiamento para a Marcha Zumbi e Dandara, além da descentralização das ações, contemplando pelo menos as quatro regiões macro do estado. 

Também foi debatida a questão do Marco Temporal, com reflexões sobre os povos indígenas e quilombolas, as formas de impulsionar candidaturas negras nas eleições municipais de 2024 e debate sobre a efetivação das leis que tratam da história e cultura africana e afro-brasileira e indígena.