Ligar o rádio, ver o noticiário, abrir as redes sociais virou um gatilho para as mulheres. As notícias não cessam: a cada dia, uma nova tragédia envolvendo a vida das mulheres, em uma escalada de violência sem precedentes na história recente.
São Tainaras, Danieles, Alanes, Layses, Catarinas, Marias Katianes e tantas outras Marias. Somos nós.
Vivemos uma epidemia de feminicídio no Brasil. Os dados são estarrecedores. De acordo com o Mapa Nacional da Violência de Gênero, em apenas 12 meses cerca de 3,7 milhões de brasileiras foram vítimas de violência doméstica. E, de janeiro a setembro, 1.075 foram assassinadas pelo simples fato de serem mulheres.
No Rio Grande do Sul, após o trágico final de semana de abril de 2025, em que seis mulheres foram vítimas de feminicídio em 24h, o governador Eduardo Leite anunciou a recriação da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A medida é necessária, mas tardia. É impossível não questionar: qual foi o custo da negligência estatal por tanto tempo? O custo são vidas. Tem nome, sobrenome, história. O custo são trajetórias interrompidas.
Sim, os números são alarmantes, mas o que está em disputa é maior. É a vida das mulheres e o enfrentamento ao machismo estrutural, que socializa meninos e homens para o controle, para a violência e para a negação da autonomia das mulheres.
Trata-se também de enfrentar a cultura de violência que se disseminou por todos os cantos do país como um rastilho de pólvora (aquela das armas que eles tanto idolatram), sendo estimulada, naturalizada e banalizada, inclusive por discursos públicos que flertam com o ódio e a eliminação do outro.
É preciso avançar nas medidas institucionais, mas também nos debates, em todos os espaços possíveis. Na mesa de jantar, nas rodas de conversa, nos locais de trabalho. Assim como, no 9º Encontro Estadual do NAP, que também foi espaço de reflexão, com o tema sendo pautado e tirado como encaminhamento para atuação: manifestações (como essa nota), além de conteúdos informativo, porque sim, os homens precisam falar com os homens sobre o fim da violência contra as mulheres.
Mas ainda é insuficiente.
É preciso, presidente Lula, declarar a epidemia de feminicídio no Brasil, para que o Estado brasileiro destine recursos efetivos e permanentes à prevenção da violência, à proteção das mulheres e ao fortalecimento das redes de atendimento.
É preciso ação concreta, imediata e contínua. Não discursos tardios. Não respostas simbólicas após cada novo feminicídio. O enfrentamento ao feminicídio exige políticas públicas estruturadas, orçamento, responsabilização do Estado e compromisso real com a vida das mulheres.
Parem de nos matar não é um slogan: é um pedido de sobrevivência.
Viver não pode ser privilégio: mulheres vivas!
Sindicato dos Servidores do Judiciário do RS (SindjusRS)
Núcleo dos Aposentados e Aposentadas do Judiciário (NAP)



