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Neste domingo (15/11) encerramos o primeiro turno das eleições municipais de 2020. Depois de uma grande onda conservadora e com forte viés fascista em 2018, o resultado do pleito traz esperanças de fortalecimento da luta do campo democrático.

Em razão da pandemia de Covid-19, a corrida eleitoral teve como marca a necessidade de distanciamento social, as restrições das atividades de mobilização e a ausência de debates na TV aberta. Isso teve também como consequência o fortalecimento das campanhas nos ambientes digitais e a forte presença, mais uma vez, das fake news (com meio milhão de notícias falsas retiradas do ar) e do discurso de ódio em detrimento do debate de ideias, ofensas pessoais e de cunho machista e antidemocrático.

Mesmo com todas as dificuldades, o saldo inicial do primeiro turno traz perspectivas animadoras, com a derrota da maioria dos candidatos apoiados por Jair Bolsonaro ou com discursos alinhados à extrema-direita, o que evidencia que a população começou a compreender que a antipolítica e o ódio não são o caminho para resolver os problemas do país. Por todo o Brasil, a mudança no perfil das Câmaras municipais, com aumento significativo de negros, mulheres, LGBTQIA+, lideranças jovens e das periferias, é um recado claro de que o próximo período será de intensificação da luta em defesa das pautas progressistas e por direitos sociais. 

Na capital paulista, por exemplo, o maior colégio eleitoral do país, o candidato alinhado com o campo bolsonarista, que figurava em segundo lugar nas pesquisas, ficou de fora do segundo turno, cedendo espaço para a candidatura do campo social e de esquerda. Em Porto Alegre, também tivemos uma conquista importante com a eleição de cinco candidaturas negras, sendo a mais votada uma mulher jovem e preta. Além disso, depois de quatro eleições municipais sem participar do segundo turno, a esquerda volta à disputa e a capital gaúcha poderá ter pela primeira vez uma mulher à frente do Executivo.

No entanto, apesar das conquistas, é necessário seguirmos atentos. No primeiro turno em vários municípios, como Porto Alegre, tivemos alta abstenção causada por diversos fatores, como o descrédito das pessoas nas instituições, na classe política e o receio de contágio pelo coronavírus. Porém, precisamos alertar nossos familiares, amigos e toda a sociedade que é através do voto consciente e dos processos democráticos que construiremos a cidade e o país que queremos. Não podemos abdicar de nosso papel como cidadãos e cidadãs, especialmente neste momento em que conquistas e direitos históricos são duramente ameaçados.

No RS, teremos cinco municípios com disputa de segundo turno, sendo que em quatro deles, projetos completamente distintos estão em jogo. De um lado temos partidos e candidaturas comprometidas com os projetos de desmonte do Estado e que promoveram historicamente intensos ataques aos serviços públicos, impondo retrocessos, atacando os servidores e apostando no Estado mínimo, que leva à precarização dos serviços e relega as necessidades da população ao segundo plano. Nunca podemos esquecer que representantes do MDB e do PSDB foram responsáveis pelos maiores ataques aos servidores do RS nas últimas duas décadas, como as reformas recentes e as ADIs 3538 e 5562. Na esfera federal, esses partidos apoiam e ajudam a cumprir a agenda antipovo e de destruição do serviço público promovida por Bolsonaro e Paulo Guedes. No Congresso Nacional, são os principais articuladores dos ataques e das iniciativas que atendem apenas ao interesse de minorias privilegiadas e agravam as injustiças sociais e o abandono da população mais necessitada, como é o caso da Reforma Administrativa.

De outro lado, temos propostas comprometidas com a redução da desigualdade social e a garantia de direitos básicos, assim como a defesa do Estado presente e fortalecido e de serviços públicos de qualidade gratuitos e acessíveis a todos, por meio do investimento constante e valorização dos servidores públicos e da classe trabalhadora como um todo. 

No dia 29 de novembro temos a chance de votar nos projetos que representam e defendem o papel dos serviços públicos e dos servidores. É preciso transformar a indignação em ação. Nas urnas, temos a chance de responder aos que tentam nos destruir. Temos a oportunidade de mudar e dar um basta ao bolsonarismo e ao negacionismo, elegendo propostas que têm como compromisso a diversidade, a inclusão e a construção de uma sociedade mais justa para todas e todos. 

Naturalmente, o exercício da cidadania não se resume à participação nos processos eleitorais. É imprescindível que, concluídas as eleições, sigamos vigilantes e em constante fiscalização do cumprimento dos compromissos firmados nas campanhas, para exigir que nossos representantes eleitos não se desviem de sua missão, que deve ser lutar para garantir o bem comum. 

O resgate da identidade e da força do povo brasileiro começou nas urnas neste ano de 2020. Lutaremos para que devolvam ao povo o que é do povo!