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O mundo todo sabe: o samba é um dos principais patrimônios imateriais e culturais brasileiro.

O samba está no pé do sambista, no improviso dos partideiros, na mão do pandeirista, no som do cavaco e da cuíca e no batuque dos tambores. Tá nos morros, nas rodas de samba, nas casas de festas, nos desfiles nas avenidas no carnaval. E em todos os lugares ele leva a marca da cultura e tradição do povo negro.

Os primeiros registros do termo samba, como música e dança praticada em roda e ao ritmo de tambores e  palmas, estão presentes em diversas regiões do país desde o fim do século XIX. 

Conforme o Iphan, na publicação “Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro”, aponta a tradição dos povos bantos da África sul-equatorial, e que foram um dos grupos mais numerosos trazidos para o Brasil na época da escravidão, e dão origem a diversas danças “do carimbó paraense e do tambor-de-crioula do Maranhão, passando pelo coco do litoral nordestino e pelos sambas do Recôncavo e do médio São Francisco, na Bahia, até o jongo ou caxambu no Sudeste brasileiro, notadamente no Vale do Paraíba. Onde houve negro banto, lá estão as danças de roda, com ou sem umbigada”.

História

Com origem na música afro, na qual tocar, dançar e cantar é um ato único, os registros históricos também sofrem com o apagamento já registrado em outras questões que envolvem a cultura afro no Brasil. 

Um dos exemplos é que no fim do século XIX, na Bahia, o termo “samba” aparece, geralmente, em documentos de ocorrência policial. Já no Rio, os primeiros registros surgem após a “intervenção urbanística”, que marginalizou as comunidades negras na chamada Cidade Nova.

Tendo como marco a localidade denominada Pedra do Sal, no morro da Conceição, na zona portuária do Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XX, em que o samba, inicialmente em espaços chamados de terreiros, serviu como meio de comunicar experiências e demandas, individuais e de grupo. 

“O samba é, pois, fruto de ricas tradições africanas e afro-brasileiras. E sua proteção, como bem imaterial do patrimônio cultural nacional, além de ser um imperativo constitucional, é um dever de consciência”, aponta o “Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro.

Tia Ciata

Tia Ciata é considerada a matriarca do samba brasileiro. Hilária Batista de Almeida nasceu no dia 13 de janeiro de 1854, em Santo Amaro, no Recôncavo baiano. Filha de Oxum, sendo iniciada no santo na casa de Bambochê, e mudou-se para o Rio de Janeiro aos 22 anos.

Residindo na Cidade Nova entre os anos de 1899 e 1924, exerceu forte influência na comunidade, por sua posição central nos terreiros e participação em atividades de grupo. 

Mãe-de-santo, Tia Ciata festejava seus orixás, sendo famosas suas festas de São Cosme e Damião e Oxum, em que se destacavam as rodas de partido-alto. 

Foi uma das responsáveis pela sedimentação do samba-carioca, pois em torno da casa de Tia Ciata se formou um núcleo de resistência cultural e foi composto o primeiro samba gravado em disco “Pelo Telefone”, uma composição de Donga e Mauro de Almeida.

 

– Samba de Roda

O samba de roda, originário da região do Recôncavo Baiano, foi o primeiro gênero musical brasileiro a se tornar patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Unesco, em 2005. Originalmente fazia parte de um grande guarda-chuva chamado batuque. Isso vem do século XIX, quando tudo que era dança com tambores e realizado por negros era chamado de batuque, desde o que estava na raiz dos ilês do candomblé, passando pelo samba e pelo coco.

– Samba de Terreiro

O samba de terreiro faz referência aos espaços de encontro e celebração dos sambistas, que ali dançam um samba livre com as marcas de sua ancestralidade. Nos terreiros, pátios das escolas de samba, cantam as experiências da vida, o amor, as lutas, as festas, a natureza e a exaltação das escolas e da própria música.

– Partido Alto

É marcado pelos versos de improviso. Nasceu das rodas de batucada, onde o grupo marca o compasso, batendo com a palma da mão e repetindo o refrão e inventando estrofes segundo um tema proposto. É o refrão que serve de estímulo para que um participante vá ao centro da roda sambar e com um gesto ou ginga de corpo convide outro componente da roda.

– Samba-enredo

Com a criação das primeiras escolas de samba, no final da década de 1920, o samba se adaptou às necessidades do desfile. Criou-se uma nova estética e uma nova modalidade: o samba-enredo. O compositor elabora seus versos com base no tema (enredo) a ser apresentado pela escola, descrevendo uma história, de maneira melódica e poética. De sua animação e cadência depende todo o conjunto da agremiação, tanto em termos de evolução como de envolvimento harmônico.

 

Saiba mais:

Casa Tia Ciata

“Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro”

O samba de roda como patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Unesco