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Em decreto publicado nesta terça-feira (19), o prefeito de Porto Alegre autorizou a reabertura de estabelecimentos que prestam serviços não considerados essenciais, como bares, igrejas e shopping centers. A decisão não observa os parâmetros adotados pelo governo estadual no modelo de distanciamento controlado para enfrentamento da pandemia de Covid-19, segundo o qual a capital gaúcha encontra-se na categoria laranja de risco (a autorização para reabertura no modelo estadual seria adequada somente aos municípios em categoria amarela). 

Já nesta quarta-feira (20), o movimento nas ruas da capital se intensificou e, com a abertura do comércio, a circulação de pessoas, muitas delas sem máscara, chamou a atenção. Dirigentes do Sindjus manifestaram preocupação com a situação e com o ato do chefe do Executivo municipal, alegando que ele estaria na contramão do esperado no momento e em total dissonância com a situação do Brasil, que ocupa uma das primeiras posições no mundo em número de casos de infecção por coronavírus e teve 1179 óbitos nas últimas 24 horas. “No dia em que o país chega a quase 18 mil mortes, o prefeito de Porto Alegre anunciou medida que relaxa o distanciamento social e deve trazer em breve um aumento considerável de pessoas contaminadas. Ele não teve o bom senso que cobra da população”, pontuou o secretário-geral do Sindjus, Valter Macedo, referindo-se à declaração do prefeito quando anunciou a abertura.

Para Marco Velleda, diretor de Política e Formação Sindical, o temor é que outras instituições sigam a mesma linha, como a retomada do atendimento na Justiça estadual defendida na semana passada pelo presidente da seccional RS da OAB, Ricardo Breier. “Não é o momento de expor a população a um maior risco. A curva de contágio no Brasil ainda avança e quaisquer medidas que afrouxem o cuidado agora são totalmente descabidas. No atendimento presencial no poder Judiciário, por exemplo, os cartórios e fóruns são locais potencialmente perigosos para a contaminação, por isso a retomada defendida pelo presidente da OAB, assim como a postura do prefeito de Porto Alegre, nos preocupam pela irresponsabilidade. A prioridade do momento deve ser a defesa da vida. Seguiremos trabalhando no sindicato junto ao TJRS por soluções e medidas que garantam segurança aos trabalhadores e à população”.

Já foram confirmadas 26 mortes em Porto Alegre e 161 em todo o estado. No último boletim divulgado pela secretaria municipal de saúde, havia 2.194 casos suspeitos e 874 casos confirmados da doença na capital gaúcha.